segunda-feira, 6 de abril de 2009

Inconsciente: Indivudual e Coletivo


Considera-se frequentemente que Sigmund Freud "descobriu" o inconsciente como sendo aquela parte da psique que contém experiências desagradáveis ou mesmo traumáticas que tenham sido reprimidas pela mente consciente.

Para Jung não existe só um inconsciente individual, mas, também existe um inconsciente coletivo, o qual contém a imensa herança psíquica da evolução humana.

De acordo com Jung, esta herança renasce na estrutura de cada indivíduo.

Os sonhos podem ser considerados como possíveis escapes do inconsciente individual e coletivo. Figuras que aparecem frequentemente nos sonhos como o tenebroso perseguidor ou a criança inocente são símbolos que representam uma ligação com dimensões sobre as quais não estamos conscientes. Estas podem despertar em nós certas associações que não poderíamos entender apenas com a mente racional.

Jung afirma que muitos destes símbolos são de natureza universal. Estes podem ser encontrados nos mitos e contos de fadas de todos os povos. Eles mostram um "conhecimento" ou "sabedoria" comum a toda a humanidade. Por isso Jung chamou a estes símbolos Imagens Primordiais ou Arquétipos.

O arquétipo é um conceito tipicamente neoplatônico, inspirado em Plotino. Segundo esta concepção, há um universo no qual tudo é permanente e imutável, povoado por idéias originais. Desta forma, no mundo das percepções sensíveis, tudo é mera reprodução do que existe na esfera superior.

Através da influência exercida por este pensamento, a expressão arquétipo alcançou o Cristianismo filosófico, e logo foi adotado por Agostinho. Na psicologia analítica, criada por Carl Gustav Jung, este conceito se refere às imagens primitivas inseridas no inconsciente coletivo desde os primórdios do ser humano. São moldes inerentes ao ser desde o princípio da existência, os quais têm a função de atuar como fonte primordial para o amadurecimento da mente. Esta concepção foi inspirada exatamente no mundo das idéias de Platão, que nada mais é do que a matriz de tudo que há no que consideramos a nossa realidade.

Segundo Jung, os arquétipos nascem da incessante renovação das vivências experimentadas ao longo de várias gerações. Este aprendizado é necessário para que o Homem caminhe rumo à sua individuação, ou seja, na direção de sua mais perfeita lapidação, para que um dia possa se unir novamente ao seu Self. Assim, esta incessante aquisição de conhecimento e de experiências, executada durante milhares de anos durante a jornada humana, é administrada pelos arquétipos, que para melhor estruturarem esta conquista geraram modelos responsáveis pelo trabalho psíquico.

Os arquétipos estão, portanto, nos bastidores de todos os nossos pensamentos, sentimentos, emoções, intuições, sensações e atitudes. Normalmente eles se expressam através dos símbolos, pois constituem sua composição estrutural oculta aos olhos humanos. Alguns destes arquétipos conquistaram tamanha independência que se destacaram do âmbito da consciência individual do ‘eu’- a persona; a anima ou o aspecto feminino do homem; o animus ou o lado masculino da mulher; e a sombra.

Os símbolos arquetípicos são encontrados nos mitos originais, nas mais variadas religiões, em lendas que já fazem parte da bagagem cultural coletiva, os quais marcam definitivamente a consciência e particularmente a esfera do inconsciente humano. Alguns destes arquétipos: a figura materna, a imagem do pai, a criança, o herói, o divino, entre outros; constituem, para a psicologia junguiana, manifestações imateriais que modelam os eventos psíquicos.

Os arquétipos são gerados no contato do Homem com o mundo concreto, não existem anteriormente. O único que se pode enquadrar na categoria a priori é a atração imanente do ser humano para a esfera divina, ou seja, a Humanidade está sempre se preparando para o contato com Deus, primeiro arquétipo constituído na mente humana.

O Inconsciente Coletivo é justamente composto pelos arquétipos, temas presentes na organização psíquica de cada ser.

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